13.7.15

A vergonha portuguesa (e europeia)






O sentimento que paira na Europa, pelo menos na Europa do Euro, não é de consenso (ao contrário do que alguns querem fazer crer-nos), nem de vitória de uns (os países da chamada linha dura, nos quais desgraçadamente se inclui Portugal) e derrota de outros (mais moderados e evidentemente com a Grécia à cabeça). O sentimento que paira na Europa é de vergonha e humilhação. De vergonha pela humilhação a que foi e está sendo sujeito um povo que teve o descaramento de desafiar a toda-poderosa Alemanha e o seu séquito de acólitos bem-comportados (nos quais desgraçadamente Portugal se inclui).
Vejo o que vejo e penso sinceramente como fazem falta homens de Estado, com uma visão verdadeiramente europeísta do mundo, deste nosso mundo que é a Europa. Nós que, desgraçadamente fazemos parte da linha dura, dos que punem os incumpridores e preguiçosos, somos os primeiros a atirar pedras, qual menino bufo pseudo bem-comportado que, depois de levar uma reprimenda do professor, é o primeiro a denunciar os outros, para ficar bem visto na fotografia e todos acharem que mudou para melhor. Mas nós não mudámos nada para melhor, o que mudou foi as circunstâncias externas e o resto é, mais ou menos, show-off. O Passos Coelho que disse hoje que, por acaso - cheio de soberba mal disfarçada - tinha sido ele a encontrar uma solução é o mesmo que, desgraçadamente, orienta este país para um abismo que não se vê mas pressente-se. O abismo da falta de solidariedade pelos que sofrem, de falta de humanismo, do interesse e da mesquinhez. É, uma vez mais, o aluno fraco que se cola aos fortes para parecer forte. Mas ele não é forte, é só fachada. Um dia vem um teste mais difícil e os bons deixam-no sozinho a penar. E é nesse momento que ele vai receber a dobrar o mal que um dia fez.
Uma absoluta vergonha.