23.4.15

Deamblogações vespertinas II


Eu que ando há já algum tempo a praticar sentir em vez de pensar, o que sinto é uma espécie de enjoo por aquilo que se vai passando na vida política portuguesa. Entre Sócrates, a sua prisão, as manifestações, os recursos absurdos e as declarações de ódio do próprio, passando pelas acções de propaganda do Governo relativamente aos números do crescimento, do défice, dos impostos e do desemprego, vendo as propostas do PS que parte de números absurdos de crescimento e de outros pressupostos que nunca se irão verificar, até à miséria que revelam os inúmeros processos judiciais pendentes relativamente a diversos (muitos!) actores políticos nacionais.
Isto tudo enjoa-me, deixa-me sem alento, sem esperança num futuro mais risonho para os nossos filhos, porque sei que, não apenas nós mas eles também, andaremos todos a pagar o que uma clique fez e desfez ao longo de anos de pagode. Foi mesmo isso: um pagode para uns quantos, a miséria para muitos e um lento decair para a maioria. E continua a ser assim.
É por isso que me tenho deixado deixar de escrever aqui, à falta de vontade de puxar pela cabeça e ver o que me interessa no meio deste lodo pardacento em que vivemos, se é que há coisas que interessem. Olho, por exemplo, para as eleições e só vejo declarações patéticas do PSD/CDS, do PS e dos outros partidos e movimentos que pululam por aí, sem qualquer expectativa positiva sobre o que aí vem, porque, vindo alguma coisa (há sempre um fungo oportunista que ocupa o espaço livre... nem que seja o que foi deixado por si próprio), ela não há de ser melhor do que o que hoje existe. É mais do mesmo, ainda que sob uma outra forma, outra capa, outro nome. Mas do mesmo, sem dúvida.
E tudo isto me deixa cansado e desinteressado. E assim continuo, vamos ver por quanto tempo.