A nossa mãe
Encontro-me com o António. Tem 26 anos e
está a pensar em voltar para Portugal. Falamos durante três horas. Descobrimos
que somos muito parecidos. Conhecemos os mesmos lugares. Temos saudades das
mesmas coisas.
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Ele tem saudades da mãe dele que nasceu
em 1969. Eu tenho inveja das saudades dele e tenho saudades da minha mãe que
morreu em 2016.
A minha mãe não era a minha melhor
amiga. Também era isso mas era, sobretudo, a minha mãe. Mãe há só uma: é
difícil perceber-se esta grande verdade. Da minha inveja só fica o conselho:
aproveita bem o tempo e o amor da tua mãe. Ouve bem o que ela diz. Ri-te com
ela. Defende-a sempre que puderes. Agradece a Deus a sorte que tiveste em ter
uma mãe. Em ter uma mãe assim. E só em ter uma mãe.
Na Tristana e na Sara, minhas filhas,
netas da Avó Inglesa, como tratavam a minha mãe, vejo as mães de todo o mundo.
Sinto não só o amor como o divertimento e a admiração.
Ter mãe é uma grande sorte que passa. A
minha bem me avisou que as mães sempre decepcionam. Mas morreu à mesma. Cada
dia que passa tenho mais saudades dela, daquela pessoa que só ela era e que eu
apreciava tanto.
No amor do António pela mãe vejo a sorte
que tive e que tenho ainda, no passado, como lembrança e gratidão. Quem me dera
que a minha mãe ainda estivesse viva. Dei-lhe sempre muito valor mas só depois
de morrer é que percebi o valor imenso que tinha. Não era só alguém que queria
o meu bem. Não era só a pessoa mais divertida que eu já conheci. Era a minha
mãe. E perdi-a para sempre. Todos os dias.
MEC, aqui