29.4.16

Escritos



Quando abri o Público de hoje e vi de relance a fotografia da capa - esta fotografia acima copiada - julguei por escassas décimas de segundo tratar-se de um mimo, porventura até de um daqueles artistas de rua que por aí andam. Foi só ao fim desse brevíssimo tempo que percebi do que se tratava. Esta imagem teve um impacto parecido com o que senti quando vi o miúdo sírio morto na praia. Mas esta até talvez seja mais forte e impressionante. Aqui eu vejo caos, morte, guerra, pó, sujidade, desrespeito, fúria, solidão, azar, esperança, sorte, desgraça, terror, entre uma infinitude de sentimentos que neste momento não consigo descrever.
Esta imagem é dura, demasiado dura para ser descrita. É mais do que mostra e não fala apenas por si. Não é por ser uma senhora de idade (?), nem é menos por não se tratar de uma criança ou de um pai ou uma mãe. É por encerrar toda a atrocidade da guerra, de uma vida de infelicidade vivida no lugar errado - que um dia foi com certeza o certo - à hora errada.
Esta imagem torna o primeiro esgar num choro intenso.