23.12.15

Deamblogações nocturnas

O meu filho mais novo, que tem oito anos, pergunta-me à mesa, ao jantar, como é que os presentes são todos entregues à mesma hora em vários sítios diferentes. Enquanto isso, os irmãos riem e gozam e eu tento fazer o ar mais sério que consigo e dou uma explicação razoavelmente... razoável. Finda a mesma, pergunta-me como é que o Menino Jesus e o Pai Natal (que, por aqui, é um operário graduado do primeiro), conseguem, então, saber que existem sítios onde os presentes são entregues e abertos a horas diferentes. Porque é que o Natal é a 24 nuns sítios e a 25 noutros? E ao almoço nuns sítios e ao jantar noutros? Como é que tal é possível? E isso multiplicado por "milhões de sítios" (sic)?
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Bebo mais uma golada de vinho, ponho um ar sério e começo a explicar: "Da mesma forma que Jesus, Nossa Senhora, São José e Deus estão em todo o lado ao mesmo tempo, da mesma forma que cuidam de todas as pessoas ao mesmo tempo, conseguem perceber que o tempo do Natal e da abertura dos presentes pode ser diferente em cada família e encarregam-se de velar por isso".
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Enquanto isso, olho para os irmãos com olhos de quem os quero esmagar, tal qual Darth Vader tenta esmagar Luke na luta entre os dois no Império Contra-Ataca, e, depois de garantir que não explodem a rir, vejo que consegui - talvez pela última vez - apaziguar aquele espírito inquieto.

É, pois, tempo de pormos os sapatinhos junto ao Presépio, bem assim como uma caneca com leite e algumas bolachas. Porque o Pai Natal tem milhões de quilómetros para percorrer e fica, obviamente, cansado, precisando de alimento.

No meio de tudo isto, o que tem piada é que fica a sensação em todos nós (em mim, inclusive) do dever cumprido.