1.7.15

A tragédia é já aqui


Concordo com a realização do referendo na Grécia, porque me parece evidente que uma decisão deste calibre deve ser posta à consideração do povo. Só assim se respeita a democracia. Mesmo tendo o Syriza dito ao que vinha, o caminho que as coisas tomaram levam, necessariamente, a que o povo grego deva expressar a sua vontade. Isso para mim é óbvio e se assim não fosse - e ainda pode não ser porque à hora que escrevo existem notícias de que um acordo que passa pela desistência do referendo e o prolongamento do resgate acompanhado da restruturação da dívida pode estar na forja - mais um sinal muito errado passaria para a opinião pública. O sinal de que a negociação de gabinete sem a intervenção dos destinatários últimos das medidas de política que são tomadas são ouvidos e tidos em conta.
Se o Syriza fosse o que não é, não tomaria partido no referendo, nem pelo sim nem pelo não. Colocaria à consideração dos gregos o que se está a passar e executaria o mandato. Porque, na verdade, se as negociações chegaram verdadeiramente a um impasse, o governo grego sabe bem o que quer e é por isso mesmo que não deve fazer campanha pelo não. Ao fazê-lo está a ter duas caras: uma externa perante os parceiros europeus, com os quais negoceia, e outra interna para os seus eleitores, a quem diz votem não porque não devemos aceitar o que eles nos querem impor.