Daqui vê-se bem que há qualquer coisa de mágico nesta vista sobre a cidade, que vai de Monsanto quase até ao mar da Palha.
Vendo os telhados dos prédios que antecipam o rio, tudo parece quieto, imune ao correr do tempo. Ao longe a ponte sobre o Tejo, porque ponte sobre o Tejo só há uma, a outra é a ponte Nova, mesmo que de nova já pouco ou nada tenha, ou, quando muito, Vasco da Gama.
Por sobre tudo isto voam gaivotas, andorinhas, pombos e outras espécies que a minha ignorância ornitológica não me permite identificar. Voam ainda outros pássaros, esses de metal, que, em dias especialmente soalheiros, se vêem particularmente bem a dez quilómetros de altura, traçando riscos reguados no céu.
E, no Inverno, sou brindado com pores-do-sol de uma beleza incrível, ali mesmo na foz do Tejo, por trás do Bugio, quase ao alcance de um braço. E quando, como hoje, as nuvens cobrem a Arrábida como se fossem neve, desaparecendo à medida que o maciço se dissolve, derretendo ali para os lados de Almada?
É, esta vista é mesmo mágica. Obrigado Criador. Sejas Tu quem fores.