1.2.08

Estupefacção e incredulidade 6 (a saga continua)



Ontem o bastonário deu uma entrevista à Judite de Sousa, na RTP1. Viu-se que tentou uma pose (mais) de Estado, com um ar mais responsável, pondo e tirando os óculos, que é coisa que fica sempre bem. Mas não há volta a dar, porque mal se distrai cai logo no disparate, nas acusações abstractas, no populismo fácil.
Mas, reconheço, aquele é um discurso que passa e que, de resto, levou a que Marinho Pinto ganhasse as eleições na OA. Dizer-se que existem presos com 19 anos porque cometeram um «simples» furto, quando esse furto é - tipificado na lei - um crime que não envolve violência contra pessoas, ao passo que existem pessoas importantes que cometeram crimes muito mais graves e que continuam «à solta». Dizer-se que as prisões estão «cheias de gente pobre» e sem recursos, quando os ricos e poderosos estão cá fora. Pronunciar-se contra o caso Casa Pia, dizendo que aquilo pretendeu «decapitar a estrutura dirigente do PS».
Tudo isto encontra eco na opinião pública. Não tenho dúvidas nenhumas que neste momento parte significativa do povo português está de acordo com o bastonário e dá vivas a ter mais um representante de classe a fazer arrazoados destes.
Mas continuo a achar que tudo isto é de uma enorme, gigantesca irresponsabilidade. Um bastonário não pode mandar atoardas destas como se estivesse num café. Não pode. Quem pensar que sim está a defender a extinção dos órgãos e da sua função na sociedade.
Volte Dr. Rogério Alves. Está perdoado.