11.8.21

Será que pega?


Há um ano e meio que interrompi o que é, mais do que tudo, uma carolice, talvez sem sentido. Quer dizer, sentido tem porque nunca quis divulgar as minhas deamblogações a não ser por alguns amigos que foram fazendo o favor de as ler ao longo dos anos, sendo que as carolices de cada um têm o sentido que os mesmos lhe querem dar, sem mais nem quê. Não é preciso uma justificação, apenas vontade que, aliás, se esgota em si mesmo. Mas chegou um momento em que deixou de fazer sentido fazer uma partilha que, durante anos, teve muito de solitário. Talvez porque, entretanto, também me tenha tornado menos solitário e perdido essa vontade quase intestina de expor, ainda que com mesura, o que me ia na alma.

Ando, no entanto, com um rato a roer cá dentro que vai roendo e roendo ao mesmo tempo que sussurra qualquer coisa que me atrai para aqui. Isto é diferente das redes sociais, das quais não gosto e nunca me atraíram. Há qualquer coisa aqui de passado, como se fosse bastante fora de moda escrever ideias, pensamentos, estados de alma, sem direito a contraditório e a achincalhamento. Não tenho pachorra para isso, nem me dou ao trabalho e sacrifício. Prefiro os meus dez seguidores (se calhar, nem tantos), a quem confio o bom senso, não de concordarem comigo, mas de respeitarem o modo como partilho o que aqui vai.

Muitos deles tentaram persuadir-me a divulgar o Peremptório (só o nome, passado ano e meio de não me confrontar com ele, já me parece de há 200 anos... ainda em português arcaico, com pê e eme) através dos mecanismos de propagação de conteúdos que existem actualmente, mas francamente não só não os conheço, como não tenho pachorra para os procurar. A única forma que conheço é fazer um link qualquer no LinkedIn (que tenho, sim) - embora recuse atribuir estados de alma à profissão - ou dizer por email que cá estou. Quanto a este último meio, acho bastante ridículo enviar um email à minha gente a dizer "pá, vejam o meu último post", só a ideia me confrange. É como escrever no jornal um artigo e divulgá-lo nas redes sociais para auto-promoção. Conheço quem o faça, mas recusei sempre essa prática que, imageticamente, relaciono com uns bicos dos pés telemáticos. Antes os meus dez seguidores (se calhar, nem tantos). Nada de mais. Bem posso chorar sozinho, mas prefiro isso a estar mal acompanhado pela horda de hunos que saltam barricadas internáuticas por aí como se fossem invadir um novo território, ocupá-lo e aí procriar que nem coelhos. Deixá-los para os FB, instagrã e caixas de comentários espalhados aos milhões. Aqui não entram. YOU SHALL NOT PASS!!!

Dito isto, talvez seja desta que o motor volta a pegar. Talvez. Não garanto. Mas tenho saudades. Lá isso tenho.