27.3.19

Escritos

A notícia de que os líderes europeus convidaram os britânicos a votarem nas eleições europeias a ter lugar em Maio (AQUI) é inadmissível.
Não está em causa a desgraça que o Brexit possa ser, tão pouco a inabilidade com que Theresa May tem lidado interna e externamente com o assunto, o que está em causa é, uma vez mais (vide repetição de consultas referendárias aquando da aprovação POR TODOS do Tratado de Lisboa), a ingerência das cúpulas europeias no poder decisório interno de cada um dos países que compõem a UE.
É perfeitamente legítimo que a Europa exerça pressão sobre o RU, tanto ao nível formal das negociações, como táctico das declarações, notícias, etc., mas há limites: o apelo expresso em jeito de chantagem infantil (vocês têm todo o direito de votar nas europeias porque são muitos a expressarem a vontade de se manterem na UE e o Governo não pode coarctar-vos esse direito) é, para além de ilegítimo, intolerável. A UE tem de respeitar as regras internas de cada país. Existem matérias decididas externamente em conjunto e matérias decididas internamente a título individual. Estas últimas constituem um direito inalienável - pelo menos enquanto não houver uma decisão conjunta para ser diferente - de cada um dos países que compõem a UE, a qual, por muito que custe, tem de respeitar.
Estas demonstrações de poder e soberba são, simultaneamente, símbolo de fraqueza, impreparação e irresponsabilidade. Os actuais líderes europeus são fracos, fraquíssimos, e só ajudam a cavar mais o buraco já de si enorme que existe entre quem está contra a UE e quem crê, ainda, que constitui o menos mau dos caminhos possíveis para uma sã e próspera convivência.