18.3.17

Deamblogações nocturnas

Já não consigo escrever. Tenho pavor do fracasso e da ridicularia do óbvio. Mesmo isto é óbvio e ridículo. Para além de sentido por todos os que acham que até têm alguma coisa para dizer. Grande merda. Sinto que não tenho nada cá dentro que valha a pena e, no entanto, tenho tanto por dizer. Idolatro os que conseguem exprimir-se sem vergonha nem preconceito. O pior é que estou convencido que acho que não sou preconceituoso. Mais vergonha...
Tropecei no A, B, C e X, pessoas perfeitamente antagónicas e com um enorme mundo a separá-las, e sinto-me ridículo e óbvio, esmagado perante elas, todas essas pessoas com quem me cruzo por acaso numa esquina de leitura qualquer. Vêem? Mais uma merda duma expressão gasta e sem qualquer inventividade.
Oiço o Lloyd Cole e, literalmente, bebo de inveja. E digo de mim para comigo: "Não, espera, este gajo é o maior, tens de baixar a fasquia.". Ok, baixo (talvez ligeiramente) a fasquia. Então dou por mim a ouvir The The em The Uncertain Smile e penso, francamente e sem pejo, "olha que foda-se! Isto estará mais ou menos assim ao alcance de qualquer mortal com dois dedos de testa?" Mas então isso significa que eu não tenho testa ou que não sou mortal?... Fuck! Esquece pá, isto é só o que NÃO sabes fazer. Nem música nem letra. Dedica-te ao trabalho e aos filhos. E é bem bom, olha ó catano.
Mais dois copos prá viagem, com o tempo mental a carcomer-me os (poucos?...) miolos, e aposto comigo que vou baixar ainda mais a fasquia. Ok? Ok. Ok... segue-se o Fine Young Cannibals no Johnny Come Home. Aí penso, olha que giro, estes gajos até eram mais ou menos normais e, no entanto, nunca conseguiria fazer isto. Ou conseguiria? É só insegurança?... não me parece.
O sacana do motor do YouTube, aliado que está às estrelas do dia de hoje (que estão comigo nutra mim desde bem cedo de manhã) mete o Joy Division no Love Will Tear Us Apart. O que é que faço? Mato-me? Esgano-me? Talvez opte pelo tinto e continue de olho na febre do mais novo, eu que já não tenho Ben-U-Ron e o cabrãozão não está a reagir ao bendito Brufen. Que é que faço? Pá, confio na providência e no conselho que sempre dou aos amigos mais novos: "não são os primeiros nem serão os últimos a passar por isto". Siga.
O motor do YouTube mete o The Cure no Inbetween Days e é então que vacilo: dancei isto pela primeira vez há 30 anos e hoje tenho menos na mona do que então. Então, então, tinha um universo na cabeça enquanto dançava ao ritmo do Smith. Hoje talvez apenas chore, olha o catano. E me lembre do viço dos 15. Nada mau rapaz.
Nisto aparece o mais novo com os olhos a brilhar da febre. Estes olhos que eu como com amor, este mais novo que é só o mais novo porque não fica atrás de nenhum dos outros em Amor e carinho, que me arrefece com esta febre dele, a febre que não baixa com o Brufen que é a única coisa que tenho em casa. Fuck...
O motor do YouTube continua a fazer das suas. Passou para Cult no She Sells Sanctuary. Traz-me só à memória os 15, 16, 17, 18, 19, 20 anos. Coisa pouca. YouTube cabrão. Queres lixar uma noite que já está lixada há muito? É isso? Não batas mais no ceguinho pá, entre estar com a auto-estima em baixo e um filho doente (e sem remédios), não há muito mais que leve ao atiranço da Ponte Salazar (desculpe?!, importa-se de repetir?...)
Fuck, estou sem imaginação. Nem vale a pena tentar complicar um pouco. Só dá realismo episódico, quanto ao mais, estamos conversados.
Entretanto, para registo, vou vomitar. O motor do YouTube escolheu o Men @ Work no Down Under. Fonix. Não havia uma Mádonna para aninhar o sono? Caramba.
Já venho.

Entretanto...

Beijo (na face) do Lloyd Cole. Vários, mas pode ser o clássico Jennifer, porque nunca conheci uma Jennifer que valesse o esforço. E o inglês do Concord College.