19.2.08

Sierra maestra


A renúncia ao poder por parte de Fidel Castro pode - e penso que será inevitavelmente - o princípio oficial do fim do regime cubano e o regresso, lento e cheio de escolhos, de Cuba à democracia.
Sendo isto verdade - e ainda bem - é também o fim de uma ideia romântica de um país que, apesar de comunista e isolado internacionalmente, conseguiu como nenhum outro em circunstâncias semelhantes atrair a simpatia de milhões e milhões de pessoas, que lá iam não só pelas praias e resorts mais ou menos manhosos (Varadero e afins), como por Havana, o mato e a história do país.
Com o passar dos anos e o fim do isolacionismo, penso que esse romantismo deixará de existir. A integração no que, com o tempo, será mais uma democracia, atrairá o turismo massificado americano, quererá reconstruir Havana (quiçá alterando-a arquitectonicamente), introduzirá a economia de mercado, acabará, em suma, com a singularidade de um povo e de um país.
É evidente que é melhor em termos de condições para o povo cubano (em última análise, o que importa verdadeiramente), mas, egoisticamente, não deixa de causar alguma tristeza.
Conseguirá Che sobreviver?