Não conheço outro país civilizado em que as pessoas sejam tão exaltadas. Na Coreia do Sul ele é manifestações, ele é greves, ele é pancada, ele é invasões de estações de televisão, enfim, um sem número de acontecimentos que em qualquer outro sítio seriam considerados ataques à democracia e às liberdades individuais.
Pergunta-se: esses acontecimentos são levados a cabo por franjas descontentes da população? Marginais? Não consigo responder por todos eles, mas a maior parte das vezes o que se vê são homens e mulheres com bom ar, de fato e gravata e tailleur, o que não os impede de se manifestaram (verbal ou fisicamente) de forma veemente.
Desta feita, foi no parlamento sul-coreano, em que uma centena de deputados da oposição tentaram (em vão) bloquear uma votação. O que é extraordinário é que os próprios protagonistas, apesar de estarem quase à pancada, não expressam um ar de raiva ou de agressividade por aí além. Claro que não estão a rir-se, mas parece haver uma noção de relativa normalidade no que estão a fazer. Como se dissessem: "ok, não vai a bem, vai a mal. Tem é que ir, nem que para isso tenhamos que invadir o púlpito".
Não dou um par de semanas para que vejamos os estudantes ou os bancários na rua a levaram com jactos de água ou com gás lacrimogénio em cima, como forma de festejarem o início de um novo ano de... luta!