Há um artigo publicado no Público de hoje, intitulado A inevitabilidade do doping, assinado por Luís Coelho, verdadeiramente extraordinário.
Em primeiro lugar, afirma com todas as letras que todos (repito, todos) os desportistas de alta competição se dopam, porque não há desporto de alta competição sem doping.
Em segundo lugar, assume que, no passado, tomou pastilhas de caféina (vendidas numa loja dietética, valha a verdade(!)), que continham taurina e efedrina, dado que tal era a única forma de conseguir aguentar a pressão dos exames. Bom exemplo, sobretudo para quem por isso está a passar. Resta saber se se tratava dos exames do secundário, se de faculdade e, se forem estes, de que curso superior (?) se está a falar. Porque, convenhamos, há cursos e cursos...
Por outro lado, acusa os responsáveis do desporto de alta competição de compactuarem com as práticas de dopagem dos atletas e de as incentivarem.
Depois, diz que o doping é utilizado por todos os atletas, sendo que se trata apenas de uma questão de melhor ou pior camuflagem e melhor ou pior acompanhamento médico. Ao fazê-lo, está também, evidentemente, a colar um labelo aos médicos desportivos.
Por fim, apela ao fim do desporto de competição, como a única forma de pôr fim ao fenómeno do doping, tendo em conta que, segundo ele, não haverá mais margem para progredir.
Pergunto: quem é este senhor? Que responsabilidades tem a nível do desporto de alta competição? Que conhecimento tem acerca das situações que descreve? Já alguma vez tomou medidas, nomeadamente de queixa às autoridades competentes (se não desportivas, pelo menos policiais)? Que efeitos vai ter este artigo: irá ser olimpicamente ignorado ou será objecto de protestos?
Se eu estivesse ligado ao desporto de alta competição e independentemente da maior ou menor autoridade do autor do artigo, não me ficava.
Aguardemos as reacções.