O meu amigo Pedro Correia não conseguia fazer tocar a música 9. Enfim, isso era, desde logo, uma situação. Vai daí, eu pedi-lhe para fazer um documento em word. Este, o que lê agora.
Na verdade, e para ser sincero, não sei se o mesmo me está a sair alguma coisa realmente de jeito. De todo o modo, esta incerteza foi sempre uma situação pela qual todos nós esperávamos e, quiça, outros ansiavam.
Um documento em word não é uma coisa banal. Pelo contrário, um d.w – documento em word – tem assumido ao longo dos tempos uma importância crescente no contexto das relações humanas e sociais. Essa situação é indesmentível. A complexidade das temáticas urbano-depressivas chama constantemente à colação a necessidade de as gentes de outros tempos convocarem, para si e para os correspondentes alter egos, uma teia – firme e hirta que nem uma barra de ferro – de anseios e expectativas capazes de reanimarem os mercados bolsistas do sudoeste asiático.
Outra situação é a que toca a rapaziada do tipo objectivo de ilícito.
Antes dessa, os diálogos entre os miúdos da viagem. O Pedro e a Cláudia. Ou, se quiserem – ou preferirem –, a Cláudia e o Pedro. Um crescendo de agressividade e violência física e verbal, uma onda de confronto situacional e relacional que em tudo se assemelha a uma espiral de nortadas rectilíneas, com reflexos nítidos e evidentes na lógica, bela e esbelta, das lindíssimas margens do Nilo, esse fantástico rio que entusiasma e projecta a figura inigualável de Bill Clinton.
Entretanto, a manhã descobria já tarde por entre uma muralha de fumo sobre o que tinha acontecido na noite anterior, e as almas desajeitadamente mal se recompunham de um tempo e um espaço mal percorrido e ocupado no pretérito próximo. Afinal, o que tinha realmente sucedido? Bem, do ponto de vista desportivo, tinha-se realizado um desafio de um jogo a que eu ouvira chamar futebol (será?) e a equipa que também diziam ser a melhor ganhou à outra, aquela que afirmavam ser a pior. Na análise de todos aqueles que se tinham pronunciado sobre o jogo – Sharon e Arafat incluídos –, a situação tinha sido perfeitamente normal e tudo o que antes se dizia sobre a existência ou não de cangurus na Austrália não tinha influenciado o normal desenvolvimento das negociações sobre o gáz natural do Cáucaso.
Jorge Gaspar