14.5.07

Deamblogações matinais

A comunicação social actual não tem contemplações: como agente económico que é, o que lhe interessa é vender para gerar receita e originar lucros. Para além deste raciocínio puramente economicista, a comunicação social entrou há muito num tipo de exploração mediática que encontra receptividade em parte significativa dos seus destinatários/ consumidores.
O caso (estoirado) da Madeleine é um exemplo paradigmático disso. Durante estes quase 15 dias quase de outra coisa não se falou para além de especular sobre o paradeiro da menina. À volta disto, muita tinta correu sobre a reacção dos pais, dos restantes familiares, da comunidade de origem no RU, dos restantes intervenientes, como as polícias dos dois países, etc.. Mas o centro sempre foi os pais e a sua evolução face à ausência de progresso do caso.
Agora que começa a ser reduzida a esperança de haver novidades, os media vão lentamente abandonando a Praia da Luz e regressando às suas redacções. Hoje, na conferência de impresa que os pais da Madeleine deram, agradeceram à comunicação social pelo trabalho que tem feito e quase que pediram que se mantivesse presente, para o que eles estavam e continuavam disponíveis. Quase que a pedir que não os deixassem sós. Mas, ou muito me engano, ou não é isso que vai acontecer. Os media, agora lentamente e subitamente num ápice, hão-de ir embora, deixando aqueles de quem se ocuparam obssessivamente durante umas semanas absoluta e (quase) completamente esquecidos.
Voltando ao lado economicista da coisa, os protagonistas da história deixaram de vender papel e tempo de antena. É triste, é duro, mas é assim mesmo.