22.5.18

Escritos



O meu problema não é com (mais) esta época semi-perdida do Sporting, muito menos com o jogo contra o Atlético de Madrid ou com a final da Taça de Portugal. O meu problema também não é com a operação Cashball, embora a mesma seja (aparentemente) indiciadora de que, afinal, quem manda em Alvalade não será assim tão impoluto. O meu problema nem sequer é com a barbaridade que teve lugar há oito dias em Alcochete.
O meu problema é com o presidente do Sporting, com a sua prepotência, arrogância, sobranceria, superioridade, subjectivismo, adjectivismo, verborreia, má-educação, patetice, maniqueísmo, falta de inteligência, populismo, anti-democraticidade, demagogia e egocentrismo. O meu, nosso, problema é termos um presidente que acalentou a esperança de se eternizar como presidente do clube/SAD/etc. (à semelhança do seu ídolo confesso JNPC) sem nunca imaginar que um dia um cenário destes estaria montado e se veria contra tudo e todos e a um pêlo de ser corrido a pontapé por todos menos os sócios. O meu, nosso, problema é, precisamente, os sócios não perceberem realmente quem está sentado na cadeira do poder no Sporting: um populista que não olha a meios para atingir fins, que mente, que divide, que desdiz o que jura com a mesma facilidade com que se bebe um copo de água, que não hesita em apelar ao "pathos" da forma mais alarve para, com tanta ou mais vontade com que parte o odeia, virar a seu favor a outra parte, pronta a defendê-lo e jurá-lo como eterno líder. "Eles são os meus soldados", disse este patético ditador do Lumiar, referindo-se aos adeptos que estão ao seu lado.
Juro que nunca tinha visto nada tão perto que me fizesse lembrar a longínqua Venezuela ou a-mais-próxima-mas-ainda-assim-longínqua Hungria, relativamente às quais tenho por hábito rir de escárnio pois tão evidente (e patética) é a chantagem emocional que levou aqueles povos a estarem na situação em que estão.
Não tenho muitos motivos para esperar que os sócios do Sporting sejam racionais se foram agora chamados a eleger novos órgãos sociais, porque isto de futebol e razão tem que se lhe diga. Mas gostaria que, pelo menos, algum bom senso imperasse na hora do voto. Brunos de Carvalho têm, evidentemente, direito a tentar tudo fazer para pôr em prática as ideias que têm, mesmo que elas sejam muito más e corram o risco de arruinar instituições. Mas quem vota deve ter o mínimo de discernimento para escolher senão o melhor, o menos mau.
Este que (ainda) está, é perigosamente mau. Oxalá este pesadelo acabe rápido para voltarem as águas turvas dos maus resultados. Com esses podemos nós bem.