22.12.16

Escritos


Há uns dias, MEC queixava-se, na sua crónica diária do Público, das mensagens electrónicas de Natal das lojas, marcas, etc. que recebia por esta altura como se lhe fossem dirigidas - especialmente a ele, MEC - e como se o remetente estivesse francamente preocupado em dar-lhe as Boas Festas.
O engraçado disto é que não é preciso ser-se uma figura pública como MEC para se ser destinatário deste tipo de lixo informático. Porque é o que é: lixo informático. Talvez até mesmo só: lixo. Tenho, nos últimos dias, sido inundado de mensagens que, não sei como, fintam o spam que procuro ter sempre bem activo, e me desejam "Bom Natal e Festas Felizes na nossa companhia", "Festas Felizes e um Ano de 2017 cheio de [produto da marca] na nossa companhia" e outros mimos do género, todos eles bastante irritantes e bastante vazios de sentido.
Finalmente, hoje, das primeiras coisas que me chegaram à caixa do correio foi mais uma dessas mensagens a dizer o seguinte: "Desejamos-lhe as mais sinceras Boas Festas! 🎄 Queremos voltar a contar consigo em 2017!". Temos, pois, aqui vários aspectos, diria, novos. Primeiro a utilização do superlativo: não são só as (sinceras) Boas Festas, são "as mais sinceras Boas Festas". É, evidentemente, toda uma enorme diferença. Por outro lado, também não é só o desejo de Boas Festas, porque isso já era, são "as (mais) sinceras Boas Festas". É que desta vez, eles não estão mesmo a brincar nem a gozar comigo - como, por oposição, deverão estar todas as restantes marcas que enviam mensagens deste tipo -, querem mesmo, mesmo, mesmo desejar-me as Boas Festas, num exemplo perfeito de proximidade, cuidado e - porque não? - amizade. Adiante não falta o pinheiro de Natal, o que, convenhamos, não é propriamente uma novidade e, por fim, o "gancho" comercial: "queremos voltar a contar consigo em 2017". Ora, já cá faltava! Afinal, afinal, não são só os desejos "sinceros", aliás os "mais sinceros", que eles querem dar, mas sim "enganchar" o pacóvio do cliente na continuação de uma relação comercial que lhes é, evidentemente, proveitosa.
Enfim, lixo.
Por tudo isto, e depois de reflectir bem, decidi não enviar mais postais de Natal electrónicos impessoais, apenas com uma mensagem do escritório, tal como fiz nos últimos anos. Das três uma: ou não envio nada (o mais provável, tendo em conta que não terei tempo para personalizar tudo o que queria), ou envio um postal electrónico personalizado, ou, finalmente, envio um postal a sério com alguma coisa escrita pelo meu punho. Lixo electrónico e indiferenciado nunca mais.