23.9.16

Deamblogações vespertinas



Não gosto de fechaduras e muito menos de olhar por elas ou para elas. Não tenho nem nunca tive especial curiosidade em saber da vida alheia, como se a mesma se incorporasse, por adesão ou repulsa, na minha própria vida. Gosto de segredos na medida em que os mesmos existem e demonstram a confiança de quem os revela no destinatário da revelação. Mas, em qualquer caso, devem continuar a ser isso mesmo: segredos. E ser guardião de um segredo significa mais do que apenas não se ser o primeiro a contá-lo a teceiros; significa nunca se lhe fazer qualquer referência, mesmo quando o facto que lhe deu causa já é público. Há, como é óbvio, excepções, mas são poucas.
José António Saraiva não entende assim e acredita que, passados uns anos de ter sido destinatário de conversas mais ou menos privadas, pode revelá-las mesmo quando isso põe em causa não apenas as próprias pessoas que as confidenciaram, como terceiros alheios a tudo isso e que nem sequer tiveram intervenção directa no assunto. Segundo o próprio, não apenas aquilo de que ele foi confidente não lhe foi contado por amigos - como quem diz que os próprios deveriam esperar ser atraiçoados num qualquer momento -, como já o foi há muito tempo, como se isso, por si só, justificasse o que quer que fosse.
A isto chama-se desonestidade e ignomínia.
Saraiva é de uma vaidade atroz e muitas vezes em que o ouvia e lia (não o faço há muitos anos) sentia vergonha alheia por tamanho ego. Mas este comportamento é inqualificável. AQUI, para se perceber parte da vergonha de tudo isto.