7.2.15
Deamblogações nocturnas II
Há oito dias por esta hora, estava a beber umas e outras antes de ir ao Coliseu ver a Gisela João.
A primeira vez que a vi foi em 2012 no Lux, numa noite curated by Nicolas Jaar. E foi assim.
Depois, voltei a vê-la em Sines, no último FMM e voltou a ser fantástico, ali diferente porque o sítio era diferente, as pessoas diferentes e com outras expectativas. Então cantou fado a sério, acompanhada à guitarra e ao vento, que ia fazendo com que perdesse o vestido. E encantou, encantou-me e emocionei-me a sério a pensar em alguém que eu queria que ali estivesse e não estava, por decisão própria, num rumo de vida que respeito mas com o qual discordo.
Finalmente, voltei a vê-la há uma semana, no Coliseu, depois de umas e outras, já com a alma aquecida e rodada. E voltei a emocionar-me com aquela presença, mas sobretudo com aquela voz quente e grave. Depois, também, com a aparência pueril, de menina encantada que se vê defronte de um monstro que sabe bem adestrar. E quase só lhe vi virtudes, sendo, talvez, o único defeito julgar-se, ainda, demasiado menina para ali estar. Não é, não. Não é nenhuma menina. É uma pequena diva que temos e que nos vai surpreender muito ainda com as misturas que fará, emprestando a voz a ritmos a que estamos pouco habituados.
Fiquei uma vez mais à mercê de tudo aquilo e só me apetece voltar a vê-la não num Coliseu nem numa sala do género, mas sim num ambiente de concerto, onde se ouve fado ao mesmo tempo que se bebe umas e outras, onde há malta que nunca ouviu fado e que se vê rendido àquele encanto e àquela voz. Apetecia-me vê-la no Intendente, onde vi Dead Combo no Verão passado, aonde estavam coxos, agarrados, velhos, novos e gente mais e menos habituada a estas andanças, tudo misturado. Apetecia-me vê-la adestrar toda essa gente e a mim uma vez mais.
Not yet but soon hopefully.