22.8.14

Deamblogações nocturnas

Depois de umas cascatas naturais encontradas no fim de um trilho de quase 2 km, rumámos em direcção ao Nordeste à procura de um sítio para se petiscar. Zero. Bola. Várias paragens e nada. Mais para norte, seja. É então que, pela primeira vez, a tecnologia ajuda e socorremo-nos do trip advisor para ver alguma paragem para o petisco. Lomba da Fazenda, casa de pasto O Cardoso. Chegamos lá às 16h, saímos às 18h, qual petisco qual quê, foi almoço à séria. Chicharros, feijoada, assadas, pregos, bifanas, sopa de feijão. Depois, um passeio sozinho por aquela paragem tão longe de tudo e de todos. A pensar como será a vida desta gente, tão distante da minha realidade. Passam tractores, homens de enxada a olhar desconfiados, a pensar quem é este alien vestido desta maneira tão diferente de nós. Ouvem-se pássaros, vêem-se barcos ao longe, sente-se a humidade. É dia de trabalho ali e tudo aquilo é incomensuravelmente mais calmo do que qualquer dia da minha existência em Lisboa ou arredores. Incomparável sequer, mesmo a meio de Agosto quando Lisboa, dizem, é uma maravilha de calmaria.
Julgo então que as coisas são o que são e que a nossa realidade é apenas uma de entre muitas, muito pequena mesmo, e que tantas vezes tendo a absolutizar como se fosse a única.
Procuro a SCUT (ainda há aqui disso...) com pronúncia micaelense já tocado pelas Especiais a mais que bebi e voltamos para as Fürnas, como aqui se diz, e descubro que choveu boa parte do dia por estas paragens, enquanto alguns quilómetros a norte o sol brilhava. Esta ilha é especial. Acabamos num banho na lagoa, defronte da Capela de Nossa Senhora das Vitórias, um monumento neo-gótico mandado erigir em 1886 por um poderoso local para pagamento de uma promessa pela recuperação da sua mulher. Que boa maneira de acabar o dia. São 20h e parece meio da tarde. Venha o Lambrusco.