8.8.14

Deamblogações matinais

Se estivéssemos num laboratório, seria possível congelarmos as acções externas por forma a deixarmos o ser intervencionado tomar a forma que a natureza lhe reservasse. Bem sei que essa natureza não seria apenas inerente ao próprio ser mas também, ela própria, resultante da influência de factores externos. Ou seja, a natureza como soma de factores internos e exógenos, tudo isso contribuindo para a modificação e desenvolvimento do próprio ser.
O problema é que não estamos num laboratório. A criatura é o Novo Banco e havia necessidade de que o mesmo fosse por ora deixado em paz, a recuperar da intervenção a que foi sujeito, permitindo-lhe assim retomar pouco a pouco a confiança de todos quantos com ele se relacionam diariamente, entre eles centenas de milhares de depositantes e devedores individuais e colectivos, particulares e institucionais.
Mas não. A comunicação social, sôfrega, sempre sôfrega, de notícias e parangonas, não consegue fazer a distrinça entre o que é notícia (que, bem ou mal, deve ser dada) e panfleto. Nessa saga, não deixa a criatura em paz e serenidade. Pelo contrário, continua a espicaçar-lhe a carne, sangrando-a com o propósito de obter mais algum ganho de vendas ou furo jornalístico (desconfio que adoraria esta comunicação social que se descobrisse mais um buraco financeiro, mais uma exposição a um activo tóxico, mais um rombo para as finanças nacionais).
Talvez quando perceber tudo isto - se algum dia perceber tudo isto - deixe o ser em paz, dando-lhe tempo e espaço para recuperar uma saúde que é mais frágil e assistida do que a de um moribundo.
Mas talvez aí seja tarde de mais.