9.10.07

RTP

Para quem está habituado a lidar com questões do foro laboral, o comunicado emitido pela RTP relativo à entrevista do jornalista José Rodrigues dos Santos é absolutamente esclarecedor da vontade daquela instituição em tratar esta questão como se de pessoal se tratasse, com isso subalternizando a questão de fundo (a politização da RTP como órgão de informação).

Num comunicado oficial, que deveria ser claro, conciso e, acima de tudo, objectivo (o que não é sinónimo de neutro), vir dizer-se que «embora tenha deixado de ser Director de Informação em 2004, o Sr. Dr. José Rodrigues dos Santos continuou a auferir a mesma remuneração que o coloca como um dos quadros mais bem pagos da RTP, situação que lhe foi garantida por um contrato que assinou com a anterior Administração, e que a actual cumpriu enquanto vigorou» e, mais adiante, que «recentemente o Sr. Dr. José Rodrigues dos Santos mostrou alguma incomodidade por ter de cumprir horários normais como todos os demais quadros da empresa, tendo-lhe sido recusado o pedido para ser tratado com regime de excepção mais favorável», não é senão confundir tudo, demonstrando à saciedade que o que se quer a partir de hoje é humilhar e trazer para a praça pública factos que não interessam a ninguém e que apenas servem para enxovalhar quem – mal ou bem, não interessa – teve a desfaçatez de referir publicamente factos que são sensíveis e incomodam a actual administração da RTP.

Esta confusão e atropelo aos mais elementares princípios básicos da convivência democrática e civilizada, sobretudo quando vindos de uma entidade por muitos respeitada, demostram a qualidade dos decisores que temos em alguns lugares chave do nosso país. Triste sina a nossa.