16.10.07

O divórcio europeu 2

No Público online de hoje:
«O primeiro-ministro, José Sócrates, desafiou hoje os líderes europeus a aprovarem o texto do novo tratado na cimeira informal de Lisboa, esta quinta e sexta-feira, sublinhando que o sucesso do projecto europeu depende da sua coesão interna.
(...)
Para o presidente em exercício do Conselho Europeu, a aprovação do novo tratado permitirá à UE “concentrar os seus esforços nas questões que mais directamente afectam e preocupam os seus cidadãos”, após três anos de impasse interno, e que o “poderá fazer de forma mais eficiente”.
(...)
José Sócrates entende que o sucesso nesta missão depende também do envolvimento dos 27 nas grandes questões globais, assumindo “plenamente as suas responsabilidades na nova ordem mundial”.»

Pergunta-se:
a) A assinatura do novo tratado traz mais coesão interna ao projecto europeu? Em que medida?
b) A assinatura do novo tratado permitirá realmente à UE "concentrar os seus esforços nas questões que mais directamente afectam e preocupam os seus cidadãos"? Em que medida?
c) O que significa, para cada Estado-membro, "assumir plenamente as suas responsabilidades na nova ordem mundial"? Como é que a assinatura do novo tratado permite isso?

Quanto a mim, aqui está o doubletalk orwelliano em pleno. Sabemos que assim não é, nem tão pouco que o que é enunciado está relacionado com o tratado, mas ao mesmo tempo pensamos que sim. Isto é demagogia barata, soundbytes do mais puro.
Provem-me que assim é e eu dar-me-ei por derrotado. Até lá, parece-me que é exactamente o contrário: o tratado não trouxe até agora coesão, nem parece que seja capaz de trazer; os cidadãos não parecem muito preocupados com o tratado, cujo texto nem sonham conhecer; as responsabilidades "na nova ordem mundial" não têm nada que ver com o tratado.

É demagogia e propaganda. E da mais pura.