28.9.07

A ceifeira debulhadora

O que eu soube relativamente ao processo eleitoral do PSD, da parte de ambas as candidaturas, no sentido de captarem e garantirem os votos de A ou B, custe o que custar, faz-me ter a quase certa certeza de que nunca estarei envolvido com qualquer máquina partidária, pelo menos enquanto as máquinas partidárias forem deste nível e significarem o que significam.
A reforma do sistema político não se deve cingir à reformulação das regras vigentes na AR (as quais também é importante que sejam alteradas). Deve, antes, mexer profundamente nos partidos políticos. E aqui a questão, a meu ver, centra-se primacialmente na forma de financiamento dos partidos: como é feita? Por quem? Em que circunstâncias? Até que limite? Por quanto tempo? Contra que interesses?
Tudo isto devia ser publicitado para que ninguém duvidasse da transparência do processo. Pergunto-me quanto dinheiro terá sido gasto em dois meses de ridícula e bafienta campanha pelos dois candidatos que disputam a liderança do PSD... De onde vem esse dinheiro? Terá a mesma origem que o dinheiro que serviu para pagar quotas em massa de militantes que se limitaram a dar a referência multibanco e o valor correspectivo? E, já agora, fizeram-no gratuitamente ou a troco de algo (dinheiro ou promessas várias)?
De facto, enquanto assim não for, vale tudo a qualquer preço.
Embora sempre tenha desconfiado das directas, há meses atrás fui simpatizando com a ideia, tendo mesmo chegado a pensar que seria a forma mais democrática de os militantes de um partido elegerem o seu líder. Hoje em dia deixei de pensar assim. No século XVIII o sufrágio não era universal e directo essencialmente porque as massas, não tinha capacidade de escolha. O voto em colégios que posteriormente votavam a final foi um princípio que perdurou até aos dias de hoje (veja-se os EUA). E realmente essa parece ser a única solução para os partidos políticos. Eleição em primeiro lugar dos congressistas. Escolha em congresso do líder do partido.
O PSD (e, de resto, também o CDS) está num processo auto-fágico que está longe de acabar bem. Aliás, penso que está perto de acabar num desastre. Resta saber com que dimensão.