16.7.07

Rescaldo

O que diriam Portas e os seus correlegionários se Ribeiro e Castro tivesse tido este desaire eleitoral? O que se agitariam? Quão grande seria a arruaça que provocariam?
Ontem, para além de não ter um candidato que me representasse, tinha dois desejos: que Costa não tivesse maioria absoluta e que o PP não conseguisse eleger Telmo Correia. Assim aconteceu. Telmo tirou daí as consequências e pediu a demissão de todos os cargos que ocupa no partido. Parece-me apenas uma medida de cosmética, mas tudo bem. Agora, o que acho extraordinário é a reacção de Portas. Diz que vai solicitar a reunião da Comissão Política Nacional. Tudo normal. Agora, dizer que vai pensar?! Pensar em quê? O que é que há para pensar?
Se Portas tivesse alguma congruência, o seu caminho era assumir publicamente que, para além da responsabilidade pessoal no resultado do PP, a derrota foi estrondosa e a maior de sempre, demonstrando, no mínimo, alguma humildade e nobreza de carácter. Porém, o contrário aconteceu, como, de resto, seria previsível em pessoas que agiram como agiram quando tomaram o partido de assalto contra órgãos legitimamente eleitos: continua a arrogância, a má-criação (por omissão), a falta de auto-consciência. Enfim, falta a dignidade.
Até agora não ouvi Ribeiro e Castro. Oxalá o ouça, mas não fico espantado se o não ouvir. Ao contrário não seria verdade. Este grupelho de pessoas interessadas não no partido ou numa ideologia, mas apenas em assegurar uma fonte de rendimento mensal, teria vindo a terreiro com provocações, confrontos (até talvez físicos como quase chegou a suceder). Teria vindo destabilizar e confundir.
Esta a principal diferença entre a anterior e a actual Direcção do PP. Infelizmente, hoje em dia são muito mais incompreendidos os primeiros do que os segundos. Não vivemos actualmente de opções ideológicas, nem de comportamentos de acordo com o que achamos correcto. Antes vivemos para a mediatização, para o espectáculo. Ainda que isso signifique não ter carácter.