22.5.07

A teia do costume

É inconcebível que um sistema seja tão fechado que os mecanismos existentes para o controlar não tenham qualquer espécie de efeito.
O que se passou no campeonato português é disso prova. O Sporting foi roubado - a palavra é esta: roubado - por diversas vezes, a mais escandalosa das quais contra o Paços de Ferreira em que o jogador Ronny apontou um golo com a mão, o que o mesmo admite ser verdade, vindo agora dizer que o faria novamente (!). Toda a gente viu, os órgãos próprios da Liga viram e tomaram formalmente conhecimento do assunto, foram escritas páginas e páginas nos jornais e... nada. O Sporting acaba a um ponto do Porto. Não se trata de acabar atrás e de dizer que se aquele golo tivesse sido anulado, o Sporting provavelmente teria ganho o campeonato. Isso ninguém miminamente honesto é capaz de dizer. Trata-se sim de querer que as regras sejam aplicadas e sobretudo que os mecanismos existentes (recursos, imagens televisionadas, entrevistas, etc.) sirvam para alguma coisa. É o mínimo que se pode pedir num país em que, supostamente, existem regras.
Nada disto, porém, acontece. O sistema autogere-se e vai funcionando para dentro, protegendo-se a si próprio e aos seus. No final, por mais que eu queira não acreditar, não consigo esquecer que o Sporting ficou apenas a um ponto do campeão. E mais: injustamente.