
O Bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, criticou hoje a formação universitária ministrada no nosso país, afirmando que está a formar jovens licenciados destinados ao desemprego.
Logo de seguida, ouvi um membro do Conselho de Reitores, creio que da Universidade de Lisboa, defendendo que tal não corresponde à verdade, uma vez que precisamente as universidades têm, nos últimos tempos, dado especial ênfase a uma maior ligação entre a academia e a vida "lá fora", a saber, as empresas, etc..
Ouvi isto como uma reacção corporativa. É evidente que existirão excepções, mas é um dado irrefutável que os cursos em Portugal são demasiado distantes da vida do dia-a-dia, muitas vezes preocupando-se em demasia com um programa teórico exaustivo e esquecendo-se da componente prática necessária. Isso tem como efeito a formação de técnicos qualificados teoricamente, mas pouco adaptáveis às necessidades dos empregadores.
Ora, um dos problemas existentes neste país é que ninguém assume responsabilidades. Parece-me evidente que as universidades não terão toda a responsabilidade pelo desemprego qualificado que existe actualmente e que atinge, segundo os últimos números, 60 mil licenciados, mas terá certamente a sua quota-parte neste número. O que me incomoda é que nem isso é assumido, como se o problema não tivesse a ver com as universidades e fosse relacionado com qualquer outra coisa de fora.